ATA DA NONAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM
16-10-2008.
Aos dezesseis dias do mês de outubro do ano de dois
mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi
realizada a segunda chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Alceu
Brasinha, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, Dr. Goulart, Dr. Raul,
Ervino Besson, Guilherme Barbosa, João Antonio Dib, Maristela Maffei, Nereu
D'Avila, Neuza Canabarro, Nilo Santos, Professor Garcia e Sebastião Melo. Constatada a existência de
quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Elias
Vidal, Haroldo de Souza, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen,
Luiz Braz, Margarete Moraes, Maria Luiza, Maurício Dziedricki, Mauro Zacher e
Sofia Cavedon. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador João Antonio Dib, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 233/08 (Processo nº 5705/08) e pela Vereadora
Maria Luiza, o Projeto de Lei do Legislativo nº 201/08 (Processo nº 4834/08).
Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 1033931, 1034898, 1035431,
1035660, 1035679, 1035816 e 1035903/08, do Fundo Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Professor Garcia comentou
o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/08, atinente ao projeto de
revitalização urbana do trecho da Orla do Guaíba localizado na UEU 4036. Da
mesma forma, procedeu à leitura de partes da Lei Municipal nº 470/02,
solicitando a presença, nesta Câmara, para esclarecimentos, da empresa SVB
Participações e Empreendimentos Limitada, proprietária do terreno abrangido
pela área do Pontal do Estaleiro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João
Antonio Dib informou ter apresentado Requerimento, ontem, para comparecimento
nesta Casa de técnicos do Governo Municipal, com o objetivo de debater o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/08. Também, declarou que esse
Projeto deveria ter sido encaminhado por iniciativa do Poder Executivo, salientando
que a complexidade dos aspectos envolvidos no assunto exige que os Senhores
Vereadores sejam melhor assessorados. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Dr.
Goulart, em tempo cedido pelo Vereador Sebastião Melo, defendeu o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 006/08, afirmando que sua aprovação representa
a inclusão de Porto Alegre no rol dos grandes centros urbanos internacionais.
Ainda, ressaltou a necessidade de que as discussões sobre o assunto não sejam
particularizadas, abordando, em especial, posicionamentos acerca do tema assumidos
nesta Casa pelo Vereador Beto Moesch. A seguir, o Senhor Presidente registrou a
presença, neste Plenário, do Senhor José Carlos Brack, Presidente do Diretório
Metropolitano do Partido Trabalhista Brasileiro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Adeli Sell abordou incidentes ocorridos hoje em agência do Banco do
Estado do Rio Grande do Sul localizada na área central de Porto Alegre,
envolvendo integrantes da Brigada Militar e bancários em greve. Nesse sentido,
questionou a atuação do Coronel Paulo Roberto Mendes, Comandante-Geral da
Brigada Militar, asseverando que são priorizadas ações que repercutem junto à mídia,
em detrimento do efetivo combate à criminalidade. O Vereador Luiz Braz comentou
pronunciamento efetuado ontem neste Legislativo pelo Vereador Beto Moesch,
referente ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/08, contestando
informações apresentadas por aquele Vereador, atinentes ao artigo 224 da Lei
Orgânica do Município, que trata do saneamento básico urbano. Além disso,
analisou mudanças viárias decorrentes do programa de revitalização da Orla do
Guaíba proposto pelo Projeto conhecido como Pontal do Estaleiro. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Alceu Brasinha externou sua contradição com a atitude do Vereador Beto Moesch,
de solicitar liminar judicial com a finalidade de suspender a votação do
Projeto de Lei que regulamenta aspectos relativos à urbanização do Pontal do
Estaleiro. Nesse sentido, alegou que uma das funções dos Vereadores é lutar
para que Porto Alegre cresça, afirmando que existem dificuldades
injustificáveis nesta Casa para aprovar alguns projetos que geram emprego e
desenvolvimento. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador Sebastião Melo discorreu
acerca da tramitação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/08,
que altera o regime urbanístico da área conhecida como Pontal do Estaleiro.
Nesse sentido, considerando que o Legislativo é apto a propor projetos dessa
natureza, desaprovou atitude do Vereador Beto Moesch, que obteve mandado de
segurança determinando a suspensão da tramitação do referido Projeto. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza rechaçou a maneira como o
Vereador Beto Moesch ingressou na Justiça pela suspensão da tramitação do
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/08, sustentando que Sua
Excelência deveria ter esgotado as possibilidades regimentais e políticas de defesa
do seu ponto de vista em relação a essa proposição. Ainda, classificou como
agressiva, contraditória e antidemocrática a atitude assumida pelo Vereador
Beto Moesch. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elias Vidal comentou a tramitação do
PLCL nº 006/08, que modifica o regime urbanístico do Pontal do Estaleiro,
elogiando a postura adotada pelo Presidente deste Legislativo, Vereador Sebastião
Melo, em relação a essa proposta. Nesse contexto, posicionou-se favoravelmente
ao referido Projeto, salientando, no entanto, que qualquer empreendimento ali
realizado deve favorecer também a coletividade de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, a Vereadora Neuza Canabarro contrapôs-se ao pronunciamento do Vereador
Alceu Brasinha em Comunicações, rechaçando a forma com que Sua Excelência citou
o nome do ex-Governador Alceu Collares. Além disso, analisou questões relativas
a modificações que serão necessárias no sistema viário, caso seja aprovado o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/08, sublinhando que a atual estrutura
não dará conta do incremento que deve sofrer o tráfego na região do Pontal do
Estaleiro. A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças, neste Plenário,
de alunos e dos Professores Tiago, Rafaela e Giovanni, da Escola La Salle Pão
dos Pobres. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maristela Maffei protestou
contra as atitudes do Prefeito José Fogaça frente a questões polêmicas da
Cidade, opinando que Sua Excelência as envia à Câmara Municipal de Porto Alegre
como forma de não se desgastar. Também, discutiu a influência de interesses
particulares e eleitorais na forma como a revitalização do Pontal do Estaleiro
tem sido tratada neste Legislativo. O Vereador José Ismael Heinen, citando
fatos constatados por Sua Excelência durante o atual processo eleitoral,
discorreu acerca da necessidade de fortalecimento dos Poderes Legislativo e
Judiciário no Brasil, a fim de que seja propiciado um ambiente mais democrático
no País. Nesse contexto, conclamou os Vereadores reeleitos a promoverem a
fiscalização de promessas realizadas na campanha eleitoral deste ano,
classificando como anômalas as propostas de alguns candidatos. O Vereador Alceu
Brasinha replicou afirmações contidas no pronunciamento da Vereadora Neuza
Canabarro, em Comunicação de Líder, relativamente às obras de urbanização da
Cidade realizadas pelo ex-Prefeito Alceu Collares na orla do Guaíba. Também,
defendeu as ações do Coronel Paulo Roberto Mendes à frente da Brigada Militar, justificando que
atualmente essa Corporação se encontra melhor equipada e está mais presente nas
ruas de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, o Vereador Aldacir Oliboni
justificou que as operações da Brigada Militar, sob o comando do Coronel Paulo Roberto Mendes, têm
pecado pela violência desnecessária contra manifestações populares. Ainda,
sustentando que falta transparência nas ações do Governo Municipal, reportou-se
criticamente às políticas públicas do Prefeito José Fogaça no gerenciamento da
saúde, propugnando por sindicância para apuração de denúncias de
irregularidades nessa área. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Margarete Moraes, em tempo cedido pelo
Vereador João Carlos Nedel, comentou a posição do Vereador Beto Moesh, de
contrariedade à aprovação do Projeto do Pontal do Estaleiro, lembrando a
necessidade de respeito às opiniões de cada parlamentar acerca do assunto e
ressaltando que aquela área deve ser preservada ao lazer, cultura e esporte.
Ainda, prestou sua solidariedade ao Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e
Região, em razão da greve bancária. O Vereador João Carlos Nedel analisou as
condições em que se deu a negociação da área do Pontal do Estaleiro e os
motivos porque aquele terreno atualmente se tornou adequado à construção de
prédios com fins residenciais. Nesse sentido, alegou que os riscos da
construção e venda das unidades que estão sendo planejadas para aquela região
são por conta do empreendedor e que o trânsito de veículos não será prejudicado,
uma vez que serão realizadas obras viárias no entorno do Pontal do Estaleiro. O
Vereador Professor Garcia, em tempo cedido pelo Vereador João Bosco Vaz, abordou
a questão da urbanização na orla do Guaíba, enfatizando que, em sendo aberto um
precedente para a construção de prédios residenciais no Pontal do Estaleiro,
futuramente haverá a instalação de grandes edifícios em outros trechos às margens
do Guaíba. Com relação ao tema, defendeu que sejam investigas pela Comissão de
Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL ou pelo Ministério Público as
condições de venda da área do Pontal do Estaleiro. Às dezesseis horas e vinte e
sete minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária
da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Sebastião Melo, Claudio Sebenelo, Carlos Todeschini e Aldacir
Oliboni e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que eu, Ervino Besson,
1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Sebastião Melo): De imediato, passamos ao
O Ver. Professor Garcia está com a palavra em
Grande Expediente.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, hoje, utilizando o
tempo de Grande Expediente, vou-me deter no Projeto do Pontal do Estaleiro, que
está sendo bastante discutido na Cidade e aqui dentro também. Primeiramente, eu
vou ler a Lei nº 470, que foi sancionada em 02 de janeiro de 2002. E quero
dizer que, em dezembro de 2001, inúmeros Vereadores desta Casa votaram este
Projeto. Diz o Projeto: Cria a Subunidade de Estruturação Urbana 03 da Unidade
de Estruturação Urbana 4036, referente à Área do Estaleiro Só, define o seu
Regimento Urbanístico e dá outras providências.
Vejam o que diz o art. 2º, e, depois, os
diversos parágrafos desse artigo.
O art. 2º diz o seguinte: Fica mantida a
classificação de Área Especial para toda Unidade de Estruturação Urbana 4036,
tal como se encontra na Lei Complementar nº 434, de 1º de dezembro de 1999, que
instituiu o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, e definido o
regime urbanístico para as edificações da Subunidade 03, criada pelo artigo
anterior, com as seguintes especificações:
I - Densidade Bruta: Código 25, conforme projeto
específico;
II - Atividades: Código 15.2 - e, agora, aqui,
eu gostaria que os senhores prestassem atenção - com definição de ocupação – é
o que diz a Lei, e a grande maioria dos Vereadores nesta Casa votou esta Lei -,
para uso privado, de atividades de interesse cultural, turístico e
paisagístico, relacionadas no Anexo 5.2 da Lei Complementar nº 434, de 1999,
vedada habitação, comércio atacadista e indústria.
Volto a dizer o que os Srs. Vereadores e Vereadoras
votaram em dezembro de 2002: ... “vedada habitação, comércio atacadista e
indústria, e sendo permitido: a) comércio varejista, exceto depósitos ou postos
de revenda de gás, funerárias e postos de abastecimento que não estejam
vinculados à atividade náutica; b) serviços, exceto oficinas que não estejam
vinculadas à atividade náutica; c) atividades especiais, admitida somente a
instalação de arenas esportivas, de marinas e equipamentos correlatos”.
Isso, Srs. Vereadores e Vereadoras, em 2002, em
que a grande maioria nesta Casa votou. Votaram que não era permitido habitação,
nem comércio atacadista e indústria.
Também votaram que o índice de aproveitamento é
o índice um; Volumetria: Código 25, altura e taxa de ocupação a serem definidas
no Estatuto de Viabilidade Urbanística, o EVU.
Art. 3º: A implantação de edificações e
atividades na Subunidade de Estruturação Urbana será sempre objeto de Estudo de
Viabilidade Urbanística.
Gostaria que os senhores e as senhoras
prestassem atenção agora no art. 4º, que diz o seguinte: Na área de que trata o
art. 1º desta Lei Complementar, o percentual destinado à área pública será
constituído por um parque urbano com acessibilidade pública, a ser urbanizado
pelo empreendedor conforme projeto aprovado pela Secretaria Municipal do Meio
Ambiente, privilegiando a integração da população com o Guaíba e seu acesso a
toda orla pertencente à gleba. Esta é a Lei nº 470!
Então, eu quero dizer para os senhores e para as
senhoras que, quando se diz que alguém é contra a modernidade, que vai criar
uma marina, isto é porque já estava previsto na Lei, que eu volto a dizer: a
grande maioria dos Vereadores votou e sabia que não podia ser para habitação;
também sabia que quem comprasse a área deveria constituir na mesma um parque
urbano, com acessibilidade pública a ser urbanizada pelo empreendedor, conforme
Projeto. Isso é o que diz a Lei. Então, ninguém está fazendo nada de graça.
Agora, nós queremos saber, e por isso entramos
com um Requerimento na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, com o
seguinte teor (Lê.): “O Vereador signatário vem, respeitosamente, pelo presente
instrumento, requerer a esta Comissão o comparecimento da SVB Participações e
Empreendimentos Ltda., adquirente da massa falida do Estaleiro Só, em leilão,
por R$ 7,2 milhões, em 2005, após a decretação da falência em 1995, e o
Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de
Material Eletroeletrônico da grande Porto Alegre – STIMEPA -, para
esclarecimentos sobre a situação das dívidas trabalhistas a cerca de 600
ex-funcionários, que somavam R$ 14 milhões, entre pagamento de salários, décimo
terceiro salário e FGTS.”
Queremos saber, também, depois, como foi o
processo: quem ganhou o leilão, e como vendeu para a nova empresa? Queremos
saber de que forma se deu isso. Porque quem comprou sabia que não podia haver
habitação. E a grande maioria dos Vereadores votou isto aqui nesta Casa. Então,
agora estão querendo mudar. Este Vereador pergunta: se, na oportunidade, o
leilão dissesse que podia haver habitação, qual seria o valor? Seria de R$ 7
milhões? Esse é um desafio que quero fazer às Sras Vereadoras e aos
Srs. Vereadores. Vamos fazer essa discussão, sim. E se não for somente neste
fórum, vai ser no Ministério Público. Sim, porque temos que saber de que forma
se deu a compra e a venda disso. Porque os valores estão superfaturados! Alguém
comprou uma coisa sabendo que não podia, ou apostou que esta Casa pode mudar
tudo. E pode! E é por isso que volto a dizer: hoje, saiu uma notícia de um
colega nosso que está mudando de posição? Não; ali ele coloca a preocupação
sobre por que o texto não falava em habitação. Então, eu quero saber como é que
nós votamos e hoje queremos mudar! Podemos mudar? Podemos mudar, por que não?
Este Vereador não vai mudar, porque – volto a dizer – “aonde passa um boi,
passa uma boiada”. Se nós autorizarmos moradia ali, teremos: Assunção,
edifícios; Vila Conceição, edifícios; Av. Coronel Marcos, edifícios; Av.
Guaíba, edifícios! É isso o que nós queremos para a nossa Cidade? Este Vereador
entende que não, porque nós vamos ficar sufocados - são altos prédios -,
justamente agora, quando estamos com o Projeto Socioambiental, que veio para
despoluir o Guaíba - até 2012 ele vai ter balneabilidade! Justamente na orla do
Guaíba! É um grande paradoxo esse; gostaríamos de entender. É por isso que nós
não podemos nos furtar a esta discussão. Volto a dizer que quem comprou tem que
dar essas explicações: por que vendeu, como vendeu, foi pago ou não foi pago?
Segundo, eu acho que os funcionários têm o
direito e o dever de rever alguns conceitos, porque, volto a dizer, se, no
leilão, na oportunidade, em 2005, quando ele foi colocado, tivesse sido dito “é
permitida habitação”, seriam só 7,2 milhões? Não queiram subestimar minha
inteligência! Quanto vai sair cada um? E eu só vou falar nos apartamentos; não
vou falar ainda do conjunto residencial.
Tenho em mãos os nomes de quais foram os
Vereadores que votaram em 2000. Foram 22 votos SIM e um voto NÃO. Vereadores
que votaram SIM...
(Aparte anti-regimental.)
O SR. PROFESSOR GARCIA: Por que não? É
claro que eu vou ler! É público! Vereadores que votaram SIM: Ver. Adeli Sell,
Ver. Professor Garcia, Ver. João Antonio Dib, Ver. Sebastião Melo, Verª
Maristela Maffei, Ver. Beto Moesch, Ver. Raul Carrion, Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Luiz Braz e Ver. Ervino
Besson. Encaminharam os Vereadores Estilac Xavier e Elói Guimarães. Ainda os
Vereadores: João Bosco Vaz, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria
Celeste, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Valdir Caetano, Mario Paulo; e, não, o
Ver. Beto Moesch.
Então, senhoras e
senhores, este material está à disposição, porque é público, está nos arquivos.
Mas volto a dizer: nós temos que instigar, porque acho que é importante para o
debate. O Srs. Vereadores votaram o projeto que dizia que não era permitida
habitação, e o terreno onde se encontra o Estaleiro Só foi vendido por 7,2
milhões de reais. E eu devolvo a pergunta: se pudesse aquele espaço ser
utilizado para habitação, quem o comprou pagaria somente 7,2 millhões de reais,
num investimento que será de mais de 300 milhões de reais? Essas explicações
nós temos que trazer aqui para a Câmara. Se vai ganhar ou perder é outra
situação. Nós temos que optar por qual modelo de Cidade queremos, agora, não me
digam que é retrocesso! Será entregue uma marina pública - e olhem o que diz a
Lei aprovada pela maioria dos Vereadores: “Art. 4º - Na área de que trata o
art. 1º desta Lei Complementar, o percentual destinado à área pública será
constituído por um parque urbano com acessibilidade pública”. Então não venham
dizer que o empreendedor está dando! Não está dando nada; na realidade, o
empreendedor comprou por 7,2 milhões - vou saber, depois, qual foi o valor
real, porque a Comissão vai saber, e vou pedir ao Ministério Público que
investigue, porque eu quero saber qual foi o valor. Na realidade, o que estamos
discutindo aqui é se vamos aumentar para 43 metros a altura e se vamos permitir
a habitação - esta é a grande discussão que temos aqui nesta Casa.
Eu volto a dizer:
queremos ou não um edifício na orla da Zona Sul? Se é isso, votem a favor; se
não é, votem contra. Recém estamos começando a discussão deste assunto, e não
tenho dúvida de que isso vai ser uma grande luta, não só aqui na Câmara como no
Judiciário.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente,
Ver. Claudio Sebenelo; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
dificilmente eu fico brabo, dificilmente eu falo com irritação, é por isso que
hoje eu estou muito satisfeito. Ontem, eu solicitei, por meio de Requerimento,
que, em Comparecimento, três técnicos do Executivo viessem aqui nos esclarecer
sobre o Projeto em Pauta. Até porque o Ver. Nereu D’Avila e outros Vereadores
estavam distribuindo hoje uma cópia de jornal de julho de 2006, em que os
Vereadores se pronunciavam de uma maneira naquele dia, e, ontem,
pronunciavam-se de maneira diferente.
O Ver. Garcia, neste momento, tem razão em uma
coisa, sim. E eu sempre tive a preocupação de defender os trabalhadores do
Estaleiro Só, que eram os destinatários dos recursos que fossem captados por
meio do leilão daquela área. E, na realidade, não teria sido vendido por 7
milhões e 200 mil reais se fosse permitido o Projeto que ora se propõe. Essa é
a única restrição que eu tenho! Não sei se não é sanável essa restrição! Não
sei se os trabalhadores, mudadas as regras, não podem, ainda assim, pleitear na
Justiça a diferença. Acho até que podem: venderam com determinadas regras,
mudaram as regras, e, agora, podem.
Agora, eu não tenho dúvidas de que o Projeto é
uma coisa bonita para a Cidade, e eu não mudei. Eu fui um dos primeiros a
conhecer o Projeto, mas sempre entendi que a forma como foi apresentado à
Câmara de Vereadores era equivocada, deveria vir do Executivo com o estudo de
seus técnicos para nos dizerem com a tranqüilidade que é preciso ter para
decidir sobre um Projeto desses. Nós não podemos votar um Projeto desses sob a
égide do art. 81, que não tem Parecer conclusivo da CUTHAB, por exemplo, que é
a Comissão que deveria dar a orientação mais segura para os demais Vereadores,
porque o urbanismo e a habitação são matérias dessa Comissão. Então, nós temos
que ter uma opinião da CUTHAB; não temos. Fizemos a solicitação do art. 81,
poderia ter sido pedida urgência, e nós teríamos o Projeto estudado; mas não,
foi todo ele encaminhado de forma equivocada. Agora nós vamos votá-lo lá no
final do mês. Antes disso, eu fico feliz porque ontem, por unanimidade, a Casa
aprovou o Requerimento que eu fiz para que três técnicos do Executivo viessem
aqui, em Comparecimento, e esclarecessem aos Vereadores sobre as coisas que
devem e podem acontecer nesse Projeto. Volto a dizer: eu acho esse Projeto bom,
agora, algumas aparas precisam ser feitas. Eu acho que nós precisamos buscar
essa solução. Portanto, o Ver. Garcia está brabo, como Líder do Governo, e eu
quero exatamente ouvir o Governo para ver o que diz a respeito do problema que
ora se apresenta. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Ver.
João Antonio Dib.
O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Grande
Expediente, por cedência de tempo do Ver. Sebastião Melo.
O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente,
Ver. Claudio Sebenelo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, um assunto
passou a ser palpitante neste Plenário: o Pontal do Estaleiro Só. Passou a ser
palpitante porque, primeiro, o Projeto é bom, é um Projeto que vai enfeitar a
cidade de Porto Alegre. Segundo, a nossa Bancada não estaria, na maioria dos
seus Vereadores, defendendo esse Projeto, se ele não tivesse vindo da Casa
Executiva, se não tivesse sido profundamente estudado da Cauge até a SMAM. Mais
de 12 Entidades relativas à avaliação desses assuntos liberaram o Projeto
Pontal do Estaleiro. Então, nós não estamos falando de maneira doidivana, do
tipo queremos porque queremos! Não, não! É um Projeto bom e bonito.
Ontem, o Ver. Beto Moesch disse que o Projeto
era megalomaníaco. Eu acho que o adjetivo é outro: é magnânimo!
É um Projeto de modernização da cidade de Porto
Alegre; é um Projeto de inclusão de Porto Alegre na lista das grandes cidades,
como Dubai e outras cidades no Oriente Médio, onde há países que guardaram
dólares por muito tempo, porque não sabiam onde investir.
E por que Porto Alegre não pode ser assim?
Volto a dizer, o PTB tem a responsabilidade,
através de seus Vereadores, de se debruçar sobre a avaliação das várias
entidades que participaram disso.
Isso veio livre para ser votado aqui. Não veio
sob coação alguma para ser votado.
Um grupo de organizações politicamente resolve
se rebelar contra este encaminhamento das decisões da Câmara. Um grupo de ONGs
e um Partido; então, a situação ficou partidarizada. E quando ela se
partidariza não tem mais o bom, o ruim, o certo ou o errado.
Temos de partir para a inteligência para
resolver esse problema.
O Sr. Alceu Brasinha: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, o que mais me surpreende é a
atitude do Ver. Beto Moesch. Por quê? Porque ele, há pouco tempo, deu uma
declaração de que ajudaria a acelerar o Projeto, e mais, sequer falou para
algum Vereador de que entraria na Justiça.
Uma vez um Vereador que está aqui, na Casa,
disse: “Brasinha, tu és corajoso em defender o Ver. Beto Moesch”. E eu era um
dos caras que sempre o defendiam.
Quero dizer a V. Exª como é difícil fazer alguma
coisa em Porto Alegre.
É muito difícil. Há pessoas que vêm, aqui, para
dificultar e não para facilitar.
É um problema sério na Cidade.
É muito bonito ir ao Rio de Janeiro,
Florianópolis, Salvador e olhar as coisas bonitas que têm lá. Tiram fotos,
fazem e acontecem. Mas, aqui, ninguém quer, ninguém quer o crescimento de Porto
Alegre, e não entendo o por quê.
Nós, Vereadores, queremos o crescimento de Porto
Alegre, eu quero, o senhor quer, o Ver. Bernardino quer. E mais ainda, as
pessoas acham que são donas da verdade. Não são donas da verdade, porque eu
quero o crescimento de Porto Alegre, e quero que Porto Alegre cresça e venha a
ser o primeiro lugar em turismo, e esse grande empreendimento vai dar essa
qualidade que pode crescer Porto Alegre imediatamente.
O SR. DR. GOULART: Muito
obrigado, Vereador. Então o que acontece? O que precisa ser votado nesta Casa?
É se nós vamos aprovar que no complexo se elevem pontos de habitação, porque o
Projeto inicial dizia que pontos comerciais e de lazer poderiam ser construídos
naquela área, que, neste momento, encontra-se extremamente degradada e
abandonada, ponto de encontros ruins de usuários de produtos químicos ilegais,
ponto de sujeira.
Bom, o que acontece? Nós temos que decidir se
vamos permitir que tenha moradia. E por que a moradia se fez necessária?
Porque, sendo um Projeto muito grande, ele precisa de sustentabilidade, ele
precisa ser sustentado, e comercialmente ficou necessário que se estendesse
para o uso de venda de moradia. Eu, inclusive, já ouvi afirmação preconceituosa
durante um discurso, dizendo: “só vai ser bom para aqueles que vão morar lá”.
Eu não entendi isso! Se as pessoas puderem comprar uma casa num bom lugar, um
apartamento num bom lugar, que comprem! Onde está a democracia? Onde está a
livre iniciativa neste País, bonito por natureza e abençoado por Deus? Onde
está? Se tiverem como comprar, que comprem! Como nós vamos dizer: se nós não
podemos comprar, nós não queremos que comprem! Eu escutei este rito
preconceituoso nesta tribuna!
Outra coisa que ouvi: que vão fazer dali uma
situação particularizada, querem particularizar a orla. Não! Aquilo era uma
zona já particularizada, porque ali existiu um estaleiro por muitos anos, que
faliu, que terminou, que não interessou mais. E agora vai existir um complexo
de habitação com complexo de consultórios, com áreas de lazer e de caminhada.
Acontece que, bem no início,
em 2006, quando me foi apresentado o Projeto pelo grupo que veio aqui – eu era
o Presidente -, o Ver. Beto Moesch, no Jornal do Comércio do dia 07, 08 e 09,
disse que o Projeto é bom, Ver. Haroldo, e que ele se debateria não só para
aprovar como para ajudar o Projeto. Ele diz isso. E, aqui, está o que eu estou
dizendo. (Mostra página do Jornal.) Eu me pautei também por esse
encaminhamento, na minha autoridade referencial, que se chama Alberto Pretto
Moesch, que é meu querido amigo. Então, aqui diz (Lê.): “Projeto do Estaleiro
Só divide opiniões, mas eu estarei ajudando.” Foi a minha idéia principal e
nunca mais mudei de idéia. Vai ser por que as ONGs vêm para cá querer pautar o
Legislativo que eu vou mudar? Não posso, não sou incoerente.
O Sr. João Bosco Vaz:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Sr. Vereador, eu comentei ontem, aqui, e venho no microfone agora para
registrar que Porto Alegre é a cidade da tranqueira. Ninguém quer
desenvolvimento. Em relação a esse Projeto, eu estou indeciso ainda, porque eu
estava na Secretaria quando ele veio para cá; estou estudando, não sei como vou
voltar. Estou inclinado até a votar sim, pelas coisas que eu tenho visto aqui.
Agora, quando o Prefeito Collares foi abrir a Av. Beira Rio, veio o mundo abaixo.
Piquete aqui na Câmara! Hoje, todos aplaudem a Av. Beira Rio.
O SR. DR. GOULART: Grande solução.
O Sr. João Bosco Vaz:
Quando foi feito o movimento para recuperar a Usina
do Gasômetro, o Gert Schinke, que foi Vereador conosco aqui, o “Alemão da bicicleta”,
subiu na chaminé para não deixar. Hoje, todos aplaudem a reforma que foi feita
na Usina do Gasômetro! O Shopping Total, por exemplo, quer comprar três ônibus
tipo aquelas jardineiras que tem em Londres para levar os turistas dos hotéis
para lá, não pode! Então, isso é uma tranqueira! Tranqueira, tranqueira,
tranqueira, tranqueira! E tem Vereador que está com atraso aqui!
O Sr. João Antonio
Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Nós precisamos restabelecer a verdade. A Av. Edvaldo Pereira Paiva, chamada a
Av. Dique, foi projetada porque é um dique, e foi projetada para ser uma
avenida. Ninguém se incomodou com a avenida. A forma, talvez, com que ela tenha
sido resolvida é que foi deixada com dúvida. Agora, ainda falta fazer a outra
faixa. Tem uma parte só, tem que se fazer a outra. Portanto, daquilo ninguém
reclamou.
O SR. DR. GOULART: E aí é que entra o pensamento do Ver. Luiz Braz. É verdade que o Projeto
é magnânimo, grande e bom? É, mas é necessário que a gente discuta algumas
saídas mitigadoras para o grande processo. E, talvez, a duplicação da Av.
Pereira Passos, triplicação, enfim, seja uma das ajudas. Eu acho, como o
empreendimento é grande, que tem que devolver para a Cidade alguns benefícios,
algumas compensações, e eu imagino que essas compensações sejam viárias, seja
para um bom trânsito, como o Ver. Braz dizia hoje na Audiência que tivemos
sobre o Cais do Porto com o Sr. Tutikian; então eu acho a mesma coisa que o
Ver. Braz.
Talvez esse Projeto, por ser tão grande, tão
bom, ele tenha que dar um pouco mais para a Cidade. Sim, é verdade; mais
acessos, mais saídas, mais soluções viárias para a Cidade, porque ali está se
levantando o BarraShoppingSul, com várias torres, coisa que na época ninguém
disse nada; ali tem o BIG, ali vai ter o Pontal do Estaleiro, logo adiante tem
o Clube, é evidente que a gente precisa de saídas viárias, porque concentrações
humanas acontecerão ali e precisarão de solução para a chegada e para a saída,
e nisso eu também estou com o Ver. Braz, acho que nós devemos exigir e devemos
pedir.
Agora, deixar que a Cidade fique cada vez mais
longe das grandes cidades da Europa, das grandes cidades que começam a crescer
no Oriente Médio e na África, não, não é possível! Porto Alegre tem que
continuar no mapa do mundo. Houve alguns momentos em que Porto Alegre ficou bem
conhecida, como Capital, como metrópole, e tem que melhorar cada vez mais o seu
visual.
Eu continuo achando que o Projeto do Estaleiro é
bom. Parem de endemoniar quem quer votar nisso, parem de a toda hora citar o
nosso nome. Eu vou votar no Projeto do Estaleiro, parem de dizer meu nome na
tribuna, nos jornais e nos panfletos. Isto não é pecado, isto é um avanço para
a Cidade. Vejam o filme “Planeta dos Macacos”, que vocês vão entender; vejam o
filme “O Nome da Rosa”, que vocês vão entender muito bem o que é a tentativa de
terminar, de maneira ideológica, com o avanço de uma bela cidade, da Capital
Sorriso, do melhor e mais belo poente que existe e que será visto através de
qualquer construção. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Registro a
presença do Dr. José Carlos E. Brack, Presidente do PTB. Seja muito bem-vindo à
nossa Casa, Presidente, receba a nossa saudação.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma
Comunicação de Líder
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu também vou colocar aqui, para
que todo mundo preste atenção, o que nos foi passado, sobre o que os outros
colegas comentaram aqui, das patacoadas do nosso colega Ver. Beto Moesch.
Eu quero conversar com os colegas e, ao mesmo
tempo, denunciar o barbarismo que eu vi hoje na frente de agência Banrisul, em
plena Praça da Alfândega.
Nós acabamos de inaugurar aqui na Câmara uma
exposição sobre Maio de 1968; e nos foi passado pelo Ministério da Cultura uma
edição censurada do jornal O Estado de São Paulo e um livreto importantíssimo
sobre Maio de 1968. Ali estão todas as amostras do que foram, de um lado, as
agruras cometidas pela ditadura militar, como também os grandes avanços na área
da cultura, da organização social, da filosofia, do modus vivendi. Ali
temos uma foto do estudante Edson Luís, morto, e, ao lado, temos uma gravura do
que foi a Tropicália.
Assim como no mundo, como na França, a exposição
Maio de 68 abriu luzes para os dias atuais, principalmente nos avanços da
Filosofia, do modo de vida, da liberação sexual, da luta das mulheres, da
defesa ambiental, do orientalismo; nós também convivemos, naqueles tempos, com
a repressão duríssima do regime militar. Eu achava que, passados 40 anos, eu
não iria viver e ver o que vi hoje na Praça da Alfândega. Os bancários estão em
greve - inclusive tem uma negociação nacional neste momento, e a paralisação
tem uma grande chance de terminar hoje. Não havia ninguém trancando a porta do
Banco - eu estava lá e vi, porque não sou daquele tipo que chega aqui e aplica,
como alguns gostam de fazer. Eu estava lá! Que necessidade havia de colocar o
BOE e “baixar o cassetete”? Que necessidade havia? Alguém quebrou algum vidro
do Banco? Ninguém. Alguém apedrejou alguém? Ninguém. Alguém trancava a porta?
Ninguém trancava a porta, absolutamente ninguém. Mas, tem um coronel que se
acha dono do mundo, para quem muita gente abre as cancelas sempre, e eu achava uma coisa do seu trabalho; agora, acho outra.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Alceu Brasinha.)
O SR. ADELI SELL: Não, Vereador, eu vou continuar falando alto e em bom som para que todo
o mundo ouça e acorde diante das atrocidades do Coronel Mendes. Eu já falei na
semana passada, Ver. Brasinha, daquela palhaçada na Vila Pinto; eu conheço, eu
sei onde está o tráfico, e o Coronel não foi onde estavam os bandidos. Ele fica
fazendo proselitismo, fica fazendo patacoada, pantomima, foguetório, mas eu
quero que enfrentem os ladrões, os bandidos do bairro Floresta, o consumo de crack
na cara, na fuça da Secretaria Estadual de Segurança Pública, pois ali onde se
cometem os piores ilícitos, os crimes, os assaltos não tem polícia, mas, para
botar na frente do Banrisul, hoje de manhã, tinha o pelotão do BOE. Eu defendo
brigadiano, eu defendo a Corporação, porque são pessoas que trabalham, que
batalham, ganham um salário miserável. Eu quero que a Bancada do PDT, o
trabalhismo histórico, venha aqui me dizer se está certo ou está errado. Eu
quero que os democratas do velho e glorioso MDB, que levaram cassetetes da
ditadura militar... E me admira o que aconteceu na frente do Banrisul, cujo
Presidente é do PMDB! O que está acontecendo com esta Cidade? Eu não defendo
baderna, eu não defendo esculhambação, eu não defendo agressão e eu não defendo
quebradeira; agora, não me peçam para defender, aceitar ou tolerar isso! Uma
menina teve que ir para o Pronto Socorro porque levou um cassetete na cabeça;
outro teve seu braço quebrado, teve que ir para o Pronto Socorro. O que é isso?
Onde vamos parar?
Venho aqui para
repudiar este tipo de comportamento, para defender a Corporação, defender o
brigadiano e cobrar da Governadora, do Comandante da Brigada e do Secretário de
Segurança Pública uma explicação, porque a ditadura terminou há 40 anos, graças
a Deus e à luta do povo brasileiro. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Sebastião Melo): O Ver Luiz Braz está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Vereador-Presidente Sebastião Melo; Srs. Vereadores; Sras Vereadoras; senhoras e senhores, eu, ontem, fiquei com vontade de
responder ao meu amigo Beto Moesch, no seu pronunciamento aqui da tribuna, com
relação ao Pontal do Estaleiro. Mas, como eu já havia utilizado o espaço de
Comunicação de Liderança do meu Partido, não pude fazê-lo naquele momento. Hoje
eu solicitei ao meu amigo Claudio Sebenelo que me permitisse usar o espaço de
Comunicação de Líder do Partido para que eu pudesse responder ao amigo Beto
Moesch.
O Ver. Beto Moesch,
ontem, afirmou aqui, perante a platéia que o aplaudia, que a Lei Orgânica do
Município proíbe que a iniciativa privada faça o tratamento de esgoto, porque
isso é privativo do Poder Público. Só o DMAE pode fazer o tratamento de esgoto.
O Ver. Beto Moesch, que é um homem inteligente,
capaz, esqueceu de dar a complementação dessa informação para aquela platéia
que estava aqui aplaudindo. É claro que a Lei Orgânica do Município diz que
cabe ao DMAE fazer o tratamento de esgoto. Claro que sim, está escrito isso lá
na Lei Orgânica. Só que existe algo que o Ver. Beto Moesch esqueceu de falar:
quando se está negociando as contrapartidas, aquilo que é da prerrogativa do
Poder Público pode ser negociado com a iniciativa privada. Então, nada obsta
que aquele empreendimento que estava sendo discutido ontem, que continua sendo
discutido hoje, Verª Margarete Moraes, o Pontal do Estaleiro ou qualquer outro
grande empreendimento, como contrapartida, possa contratar as máquinas necessárias
para fazer o tratamento de esgoto e para jogar água limpa no Guaíba, para
tratar o esgoto e para não poluir o Guaíba! Não está proibido que aquele empreendimento possa, ou qualquer outro empreendimento, como
contrapartida, fazer esse trabalho, Ver. Todeschini.
E o nosso amigo Ver.
Beto Moesch, ontem, para receber aplausos... Eu acho que o Beto não precisa
disso; o Beto é um homem muito inteligente, não vai precisar disso, mas eu
acredito que, esquecendo de que o Poder Público tem essa prerrogativa de
oferecer, de negociar essas contrapartidas, ele ofereceu uma informação que não
é correta. E como nós temos obrigação, como representantes da sociedade, de dar
a nossa opinião com relação àquilo que é real, dentro do que a lei permite ou
não permite, eu fazia questão de, ontem, ter respondido ao Ver. Beto Moesch,
mas ontem eu não pude. Então hoje eu estava esperando este momento para poder
corrigir a informação dada pelo meu amigo Beto.
Se é possível o
próprio empreendimento fazer o tratamento de esgoto, e jogar água limpa para
dentro do Guaíba, então o argumento ambientalista, um deles, pelo menos, cai
por terra com relação ao Pontal do Estaleiro. Qual o argumento que fica, meu
amigo Presidente, Ver. Sebastião Melo? O empreendedor vai lucrar mais com a modificação
do Projeto, isso é verdade. O Projeto vai dar oportunidade para o empreendedor
lucrar mais.
Então, o que o
Município tem que exigir desse empreendedor que vai lucrar mais? Mais
contrapartidas, porque, afinal de contas, eu acredito que nós vamos ter um
problema lá com as avenidas, com o trânsito. Nós vamos ter, e já temos,
problemas com o trânsito hoje. Vamos ter mais problemas? Então precisamos
resolver esses problemas. O Município não tem dinheiro suficiente para resolver
esses problemas? Então temos que buscar exatamente nessas contrapartidas que a
iniciativa privada possa ajudar para que esses problemas, principalmente
relacionados com o tráfego, possam ser resolvidos através dessas
contrapartidas.
Então, nessa linha,
Ver. João Bosco Vaz, é que tem que estar a discussão. Agora, eu já ouvi, por
exemplo, uma bobagem imensa ontem, de que o Ministério Público estaria, na
verdade, entrando com uma ação contra a Câmara, porque a ação do Ver. Beto
Moesch diz que nós não teríamos prerrogativa, a iniciativa não seria nossa.
Ora, isso só para quem nunca abriu uma Constituição ou não leu a Lei Orgânica
do Município, Ver. Carlos Todeschini! O problema não é esse! O problema pode
ser de mérito, mas não é um problema legal. Nós temos todas as prerrogativas para
mexermos aqui na Lei Orgânica, nos zoneamentos, na volumetria, na mudança de
atividades. E a mudança de atividades pode ser feita até por Decreto! O próprio
Prefeito, se quiser, faz a modificação, a alteração por Decreto! Então, nós,
claro, com toda a certeza, temos a prerrogativa para fazer aqui o Projeto.
O Projeto é uma
obra-prima? Não sei, eu até acho que não, acho que falta... até porque nós,
aqui, Vereadores, não podemos nem fazer as negociações com relação às
contrapartidas que o Município realmente necessita. Então, eu acho que falta,
acho que sem o Município entrar nessas negociações, Ver. Professor Garcia, fica
muito difícil o Vereador aqui fazer um Projeto desse tipo, com esse status
e, de repente, nós termos aqui uma Lei boa para a sociedade. Eu acho que falta,
realmente... mas eu acredito que nós podemos, pelo menos, ajudar a encontrar o
caminho. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Sebastião Melo): Passamos às
O Ver. Alceu Brasinha
está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Almerindo
Filho
O SR. ALCEU BRASINHA:
Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, primeiramente quero fazer a minha saudação ao meu
Presidente Brack, que está aqui presente também, mais o meu amigo Dorneles. Mas
eu quero, Ver. Luiz Braz, voltar a falar novamente sobre o Pontal do Estaleiro,
porque, ontem, eu fiquei surpreso com a atitude do Ver. Beto Moesch. Eu sei que
ele é um Vereador extraordinário, competente, ágil, faz as coisas, só que me
surpreendeu. Uma vez - volto a dizer - um Vereador me disse: “Brasinha, você é
corajoso em defender o Ver. Beto Moesch. Você é corajoso.” Mais ainda, lembro
que há um tempo, quando o Ver. Beto Moesch subiu o Morro do Osso, houve aquele
problema com os índios; eu fui um dos que cheguei aqui, Ver. Carlos Todeschini,
e o defendi – com relação aos índios, às índias. Logo depois, quando houve um
atrito com o rapaz do Café do Lago, o Fabinho, vim aqui dizer que o Fabinho
teria errado em agredir o Secretário Beto Moesch. Mas, agora, Ver. Dr. Goulart,
eu me sinto agredido, porque ele não foi capaz de falar, pelo menos, nos avisar
que estava entrando na Justiça, Vereador. Eu achei que isso foi uma
deselegância do Ver. Beto Moesch, e olhem que eu tenho um respeito profundo por
ele, porque acho que ele é competente, mas nisso aí ele me deixou muito
chateado. E como é difícil fazer alguma coisa aqui em Porto Alegre, Ver. Dr.
Goulart! Que problema sério, Vereador. Há poucos minutos falei com o Ver.
Professor Garcia e disse: “Professor Garcia, tente ser um empreendedor lá do
outro lado, para ver como é difícil, Vereador”. E nós ficamos aqui dando
discursos e discursos e deixando, trancando os problemas da Cidade. Acho que
nós teríamos que estar aqui para defender e agilizar, para colocar o processo a
andar e a avançar cada vez mais. E o Ver. Beto Moesch, mais ainda, dizia:
“Vamos ajudar a acelerar o processo, o Projeto.” Ele prometia, está aqui.
(Mostra o Jornal.) Está aqui, Ver. Professor Garcia, eu não estou mentindo
nada, Vereador. Certamente ele falou ao jornal, e agora é o primeiro a chegar e
fazer esse trabalho espetacular para receber palmas das poucas pessoas que
estavam ontem ali na platéia. Mas estamos aqui defendendo um problema da
Cidade, nós queremos o seu crescimento! Eu não quero que Porto Alegre continue
sempre... Eu estou há 32 anos em Porto Alegre e confesso que não vi nada de
vantagem em Porto Alegre na área do turismo até hoje. Bento Gonçalves, uma
cidade pequena, e Gramado, por exemplo, têm mais pontos turísticos do que Porto
Alegre. Por quê? Porque aqui existem os “tranca-ruas”! Querem trancar os
Projetos, não querem deixar andar, Ver. Ervino! Como isso é sério!
Eu também me surpreendi com a senhora, Verª
Neuza, quando veio aqui falar do Projeto Pontal do Estaleiro. Mas eu, como sou
fã do ex-Governador Alceu Collares, que era um dos primeiros a querer botar
vários prédios na orla do Guaíba, Vereadora...
(Aparte anti-regimental do Ver. Professor
Garcia.)
O SR. ALCEU BRASINHA: Não, mas eu
tenho um grande respeito pelo ex-Governador Alceu Collares e quero dizer que
realmente ele foi quem abriu a Av. Beira Rio, que, graças a Deus, está cada vez
melhor! Quem sabe possa até ser duplicada!
E aí queremos que Porto Alegre pare, Ver.
Haroldo de Souza? Queremos que ela fique parada, que não possa crescer? Como as
coisas são difíceis nesta Cidade.
Eu tenho um Projeto que amplia o horário de
passeio público por bares e similares, e não querem! O Ver. Professor Garcia
sabe muito bem que esse meu Projeto simplesmente amplia duas horas, na
sexta-feira e no sábado... E não querem!
Quero dizer que dias melhores virão, e vocês,
certamente, têm que olhar um pouco para aquele que é empreendedor, para aquelas
pessoas que têm coragem de dar emprego hoje. Se fosse fácil, todo mundo seria
empresário aqui, porque lá, do outro lado, “matam dois leões por dia e deixam
dois te olhando, para o outro dia”. Obrigado, senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Solicito ao
Ver. Carlos Todeschini que assuma a presidência.
(O Ver. Carlos Todeschini assume a presidência
dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver.
Sebastião Melo está com a palavra em Tempo de Presidente.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Prezado Ver.
Carlos Todeschini, colegas Vereadores, colegas Vereadoras, especialmente
aqueles que nos visitam aqui na nossa Casa Legislativa; raramente, neste quase
um ano de Presidência, usei o espaço de Tempo de Presidente, talvez o tenha
utilizado duas vezes, mas sinto-me no dever, Srs. Vereadores, neste momento, de
usar este espaço para tratar sobre esse tema que domina esta tarde de hoje e
tem dominado o debate na Cidade, que é a questão do Pontal do Estaleiro, para
repor algumas questões colocadas que precisam ser reparadas.
Primeiro, de ofício, o Presidente da Casa poucas
coisas pode fazer. Esta Casa tem uma gestão compartilhada, e no que diz
respeito, Ver. João Bosco Vaz, a colocar projeto para votação, às
quartas-feiras, sagradamente, após este Plenário, os Srs. Líderes de Bancada
juntamente com a Mesa aplainam o terreno e dizem quais os projetos que vêm para
votação na semana vindoura. Portanto, quando sou notificado por uma medida
liminar dizendo que eu coloquei o Projeto em votação, isso é uma profunda
inverdade. E a Srª Líder Margarete Moraes e os demais Líderes sabem que o que
estou falando é absolutamente verdadeiro!
A maioria dos projetos, Ver. Todeschini - e V.
Exª é Vice-Presidente da Casa -, são consensualizados, e aqueles que não o são
– e é o caso desse – vêm por maioria de decisão de Líderes de Mesa. Então, por
favor, vamos “devagar com o andor, porque o santo é de barro”.
Em segundo lugar, fui instado em duas
oportunidades em fase recursal dessa matéria, pela Bancada do Partido dos
Trabalhadores, quando, no início da tramitação, a Bancada disse, num
Requerimento, que havia vício de origem... Eu recebi o recurso no seu efeito
devolutivo e suspensivo e o mandei à Procuradoria da Casa, que ratificou o seu
Parecer dizendo que não, que a legitimidade era concorrente; portanto, Vereadores
também poderiam propor mudanças urbanísticas.
Num segundo momento, Presidente, também pela
Bancada do PT, quando foi negada diligência nessa matéria pela Comissão de
Habitação, a Verª Margarete aportou um Requerimento com seus Pares, e eu
novamente dei efeito devolutivo e suspensivo, o que não precisava fazer, e pedi
que a Comissão de Constituição e Justiça exarasse o seu Parecer, e esse Parecer
veio ao Plenário. Então estou com a alma lavada.
Terceiro: Presidente não nomeia Relator.
Relator, Parecerista são nomeados pelo Presidente da Comissão ou sorteados.
Para mim, ser democrata é, acima de tudo, assegurar o direito da minoria, e eu
quero dizer que, enquanto eu for Presidente desta Casa, seguirei rigorosamente
a regra do contraditório, porque é o que há de mais rico.
E aí me permitam, Srs. Vereadores: V. Exas.
têm-me visto falar sobre as prerrogativas das Câmaras Municipais. A lógica
brasileira, da sua concepção, da Velha República, da Nova República e do
momento atual é achatar os Legislativos. Nós somos escolhidos para legislar!
Muito pouco resta aos Legislativos brasileiros! Há uma interveniência muito
forte do Poder Executivo. A maioria das matérias diz respeito à competência
privativa dos Poderes Executivos, ficando uma brecha muito pequena para o
Legislativo. Ora, se esta Casa não pode legislar sobre mudança urbanística, no
mínimo ela tem que fechar, porque ela pode e tem competência, sim, para
legislar sobre mudança urbanística. Se o projeto é bom, se o projeto é ruim, se
o projeto tem que ser A ou B, eu não vou discutir sobre isso. E tanto é verdade
que, há três meses, aprovamos aqui, quando o Diretor do Fórum se acampou nesta
Casa, um prédio de 23 andares para a extensão do Fórum, assim como aprovamos,
no entorno, vários projetos especiais, como o do Ministério Público.
Agora, talvez, eu não sei, mas ouvi o argumento
de que se fez um projeto para um empreendimento específico. Se isso foi feito,
há erro técnico no projeto, porque a Câmara não pode, a partir de sua própria
iniciativa, fazer um projeto como aquele, mas ela pode mudar, sim, regime
urbanístico, e disso ela não pode abrir mão.
Por isso, quero dizer aos senhores que nós, na
segunda-feira, já havíamos decidido que essa matéria não iria à votação antes
da eleição – e os senhores Líderes também sabem disso, e os Vereadores sabem
disso.
Atitude bonita, correta, digna, altaneira teve a
Líder do PT, que adentrou a minha sala e disse: “Presidente, o senhor tem sido
muito equilibrado; vim aqui lhe fazer um apelo, mais uma vez - sei que outros
Vereadores já fizeram -, para que essa matéria não seja enfrentada agora”. E eu
disse: “Já estou trabalhando para isso, Vereadora, mas a sua fala reforça as
minhas convicções”. Mas, se eu houvesse dito para ela que não havia tido força,
e ela houvesse chegado para mim dizendo: “Vereador-Presidente, tentei, o senhor
não conseguiu, eu vou entrar na Justiça”... Que atitude bonita! Mas eu quero
dizer que quem entrou na Justiça nunca foi perguntar se o Projeto ia ser
votado, não ia ser votado, se estava em Pauta ou se não estava em Pauta!
Os Vereadores de Porto Alegre foram eleitos,
sim, para cuidar do dia-a-dia, do futuro da Cidade, da questão urbanística, e
eu não quero judicializar aquilo que o povo nos delegou. Eu não quero entrar no
mérito do Pontal do Estaleiro, isso não! (Palmas.) Já falei com a Procuradora.
Vamos tentar cassar essa Liminar o mais rápido possível, para que tudo se
restabeleça e para que o discurso case com a prática, porque tenho ouvido de
todos os Vereadores que a gente tem que fortalecer o Legislativo, e não
desfazê-lo, levando para o Judiciário aquilo que temos que enfrentar, as nossas
contradições.
Volto aqui a reafirmar, com tranqüilidade e com
serenidade, que a cadeira da Presidência não tem espaço para ser governo, para
ser oposição, mas o seu espaço é para garantir o debate, a transparência, a
correção das coisas, do que me orgulho de fazer, assim como os outros
presidentes e presidentas que me antecederam agiram nesta cadeira.
Não vou rebaixar o debate e nem vou permitir isso,
mas me cabia o dever de ofício, como Presidente, de vir a esta tribuna dizer
com clareza que fiquei muito incomodado com essa postura, que eu acho
antidemocrática, porque esse debate estava estabelecido aqui dentro, e houve
espaço para Audiência Pública, e há espaço para a segunda, para a terceira,
para modificar e para retirar, porque esta é a postura desta Casa de forma
colegiada. Judicializar esse debate é um equívoco; “pela porteira em que passa
um boi, passa uma boiada”.
(Não revisado pelo orador.)
A sua atitude, Ver. Beto Moesch, não combina com as
histórias já escritas nesta Casa Legislativa. Hoje mesmo, acidentalmente,
estava vendo colunas de jornais que falam do século passado, e ali estava
“Câmara Municipal de Porto Alegre”. Esta é uma Casa de orgulho para todos nós.
A Câmara Municipal de Porto Alegre não pode ser tratada dessa maneira, com a
atitude de um Vereador que entra na Justiça para aparecer para a mídia. Oh,
Beto! Passaram as eleições! Nós não temos mais corrida de votos. Acabou! Só
daqui a quatro anos!
Como disse bem o
Presidente da Casa, Ver. Sebastião Melo, muito digna a maneira como se
comportou o grupo do Partido dos Trabalhadores na Liderança da Verª Margarete
Moraes, que poderia perfeitamente entrar na Justiça... Por que não? Mas, para o
bem da Casa, para o bem da nossa transparência, dos nossos direitos
legislativos, o que fez a Líder do Partido dos Trabalhadores? Como disse o
Presidente, “procurou Vossa Excelência”. O que fez V. Exª, Beto Moesch?
(Pausa.)
Agora, está escrito que “o que aqui se faz aqui
se paga”. Ficou registrada em jornais a sua posição, dois anos atrás, em 2006,
sobre o Pontal do Estaleiro. Vossa Excelência bateu de frente com a Agapan. O
Secretário Municipal do Meio Ambiente disse, e está no Jornal do Comércio de
07, 08 e 09 de julho de 2006: “Como um estaleiro já funcionou no local,” – ou
seja, já funcionou ali carga pesada – “que é privado, a área já está
impactada”. Este é o termo, Sr. Beto, que V. Exª usa muito em defesa do meio
ambiente: “impactada”. Se nós já roubamos o rio para fazer o Beira-Rio, o
Parque Marinha do Brasil e tantas outras obras, aquele terreno ali...
E eu não entro no mérito do projeto agora, mas
entro, sim, diretamente, em como pode um político mudar sistematicamente de
posição da noite para o dia. Em 2006, Beto Moesch, V. Exª disse (Lê.): “...a
proposta ainda precisa ser formalizada e a SMAM fará uma análise do impacto
ecossistêmico, paisagístico e urbanístico da obra. Moesch espera não encontrar
resistência para alterar a lei...” Mas, V. Exª queria resistência para aprovar
a lei, para alterar a lei, e agora V. Exª é contra? A ponto de agredir a Câmara
Municipal de Porto Alegre, apelando para a Justiça! Nada contra o Juiz que
decidiu sobre isso, mas é Juiz de Direito, de Ministério Público. Então, por
que a Câmara Municipal de Porto Alegre? Disse bem o Presidente: “pela porteira
em que passa um boi, vai passar uma boiada”.
E nós batalhamos, Ver. João Bosco Vaz, Ver. Dib,
para termos uma cadeira nesta Casa, para termos o direito de defender as coisas
da cidade de Porto Alegre. Às vezes, temos opinião contrária, como no caso do
Pontal do Estaleiro, mas, que diabos, por que existe a democracia? Por que se
fala tanto nessa nossa democracia, que está engatinhando? E ela pode cair, se
tivermos atitudes como essa do Ver. Beto Moesch, que, em defesa do meio
ambiental, em 2006, dizia (Lê.): “Não vamos apenas defender, mas vamos ajudar a
acelerar o processo de aprovação da construção que vai beneficiar a população
da Capital”. Como é que pode mudar de idéia tão rapidamente assim?
Olha, mas a gente
pode mudar de idéia, sim, Sebastião Melo, como não podemos? Hoje, eu posso ser
favorável ao Pontal do Estaleiro, e amanhã, por um motivo qualquer que apareça
no Projeto, eu posso ser contra, mas entrar na Justiça contra a Câmara
Municipal de Porto Alegre? Com sinceridade, V. Exª não merece ter uma cadeira
nesta Casa! Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Sebastião Melo): O Ver. Elias Vidal está com a
palavra em Comunicações.
O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que se encontra aqui nas galerias e também aqueles
que nos assistem em casa por meio da televisão, como Líder do PPS, quero aqui
registrar em favor de nosso Presidente Sebastião Melo. O fato de ser mencionado
o nome dele, de que o Presidente colocou o Projeto para ser votado, como se ele
fosse o único responsável, isso é um engano, um equívoco e uma injustiça,
porque eu faço parte do grupo de Líderes que, quase todas as semanas, se reúne
mais de uma vez por semana, para escolher os projetos, e o Presidente tem sido
um grande Presidente, e todos nós, Vereadores, reconhecemos a sua atitude, e
ele só está conseguindo uma grande Presidência porque é um homem democrático.
Nunca vi o Presidente colocar algo assim “goela abaixo”; ele sempre respeita os
Líderes. E esse Projeto só viria a Plenário com o consentimento da maioria dos
Líderes da qual eu faço parte.
Agora, quero também
fazer uma reflexão para dizer o que falei, inclusive num outro local. Eu passo,
diariamente, pela Av. Diário de Notícias, onde deve acontecer o empreendimento
do Estaleiro Só, se passar por esta Casa e se for derrubada a Liminar. A Av.
Diário de Notícias é o meu caminho, pois moro num local onde sou obrigado a
passar por ali. Quero dizer e registrar aqui que grande parte de nós sabe que
ali é um depósito de animais mortos, de lixo. A minha pergunta, a minha
indagação, não entrando no mérito da questão, se aprovarmos, se vier a esta
Casa esse Projeto, se for derrubada a Liminar, com relação à altura, se a habitação
pode ser construída ou não, isso vai ser discutido lá na frente, mas eu quero
pegar um pouco do conceito desse assunto. Em muitos quilômetros da orla do
Guaíba existem mansões, no passado, não sei há quantas décadas, há quantos
anos, pessoas se alojaram de uma área pública, uma área que é direito de todos
e que a população não tem acesso, porque alguns privilegiados construíram as
suas mansões. E quais são as suas contribuições para a Cidade? Qual a
contrapartida? Praticamente nenhuma. É possível que algum telespectador esteja
me ouvindo em uma sala de sua residência na beira do Guaíba, com uma visão
privilegiada da orla; e é óbvio que não vai gostar do meu discurso.
São quilômetros de casas, de mansões, em que a
população não tem acesso, mas no passado ninguém discutiu isso, tanto é que
fizeram. Se no passado tivessem construído, como querem fazer, o Pontal do Estaleiro,
de uma forma responsável, em que há contrapartida de impostos como o ITBI e
IPTU, teríamos um calçadão para levarmos um amigo, um parente que vem de outro
Estado para nos visitar. A minha pergunta: há um lugar adequado, decente para
você levar um turista, um parente, alguém de fora de Porto Alegre para sentar à
beira do Guaíba, fazer um lanche, almoçar? Digam-me um lugar adequado!
(Aparte anti-regimental do Ver. João Bosco Vaz.)
O SR. ELIAS VIDAL: No Morro Santa
Tereza, para ser assaltado, muito bem! No Morro da Polícia.
Então, qual é a contrapartida? Sabe o que muitos
querem? O atraso desta Cidade! É um local para ratos, baratas, mosquitos,
desova de cachorro morto, de bicho morto, é isso que querem! Agora, quando vem
um empreendimento de custo zero para o cidadão, que proporciona, para alguém
que não tem dinheiro para viajar, pegar a sua família, encostar ali no calçadão
e poder passear e olhar o Guaíba, isso não pode, é impedido. Muitos vão viajar
para outras Cidades, em outros Estados, como Florianópolis, Fortaleza. Agora,
aqui em Porto Alegre, como diz o Ver. Brasinha, nada pode! Tudo é proibido,
nada pode fazer, sempre há um “tranca rua”, uma situação, parece até uma
gincana de obstáculos: você pula um obstáculo, há outro; pula o outro, há outro;
é uma fila interminável de obstáculos. O que querem para esta Cidade? Rato?
Barata? Um local para desova? Um lugar para bandidagem? Isso pode? Por que não
se preocuparam com as mansões que interrompem e que largam o esgoto na beira,
dentro do rio? Por que isso não se discute? Por que não se discute essa questão
de centenas de pessoas privilegiadas em detrimento de milhares e milhares, ou
mais de um milhão de pessoas de uma Cidade que não podem ter acesso à orla do
Guaíba?
Então, senhores, eu acho que merece aqui uma
reflexão. Agora, se nós, do Legislativo, não podemos legislar algo para dar
qualidade de vida para o cidadão, para o porto-alegrense, então não podem jogar
pedra no Legislativo quando votamos aqui leis de nomes de ruas, de praças,
porque acham que é só isso que a gente faz. Agora, quando vem um Projeto que
traz qualidade de vida e, em contrapartida, impostos, geração de empregos,
turismo, não pode.
É por isso que o Guaíba está de costas, ou já nasceu de costas para Porto Alegre, ou Porto Alegre de costas para o Guaíba há muito tempo. E no passado isso poderia ter sido corrigido, mas não foi corrigido! Agora, quando vem um empreendimento com custo zero para o bolso do cidadão, para ofertar um turismo gratuito, para gerar renda, gerar emprego, beleza, qualidade de vida, aí não pode. Mas pode, sim, rato, bicho morto, um local de lixo, um local de desova; isso pode! Então, convenhamos, eu acho que há alguma coisa errada nisso. O conceito de ecologia eu acho que é de bicho morto na beira do Guaíba e cheiro ruim.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Neuza
Canabarro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
(O Ver. Carlos Todeschini assume a presidência
dos trabalhos.)
A SRA. NEUZA CANABARRO: Exmo
Ver. Carlos Todeschini na presidência dos trabalhos; Verª Margarete Moraes,
Verª Maria Luiza, Srs. Vereadores, eu tenho aprendido muito nesta Casa, mas
algo com que sou inconformada é com a falta de ética e de coerência. Não
admito, Verª Margarete Moraes, que se distorçam os fatos. E outra, não sou
advogada, mas aprendi que, quando se tem um assunto, não se sai do mérito do
assunto. Nós estamos discutindo o Estaleiro Só, as suas dificuldades ou não,
agora, não pode não, Ver. Brasinha, vir aqui e citar o nome de Collares,
querendo colocar tudo no mesmo saco. Não é verdadeiro! Eu vou interpelar V. Exª
judicialmente, pois não é verdadeiro! A proposta era do lado esquerdo da
Beira-Rio, no sentido bairro/Centro, e não às margens do Guaíba, como está
sendo feito agora.
Outra, naquele Pontal tem outra situação a ser
analisada. Em primeiro lugar, tem de ser visto que era uma área que foi vendida
por um preço vil, e, depois de três anos, oferecida a 17 milhões; 42 mil metros
quadrados, e foi vendida por 7 milhões. E a justificativa é que só poderiam
construir quatro andares. Agora, qual é a intenção de mudar neste momento? Esse
é um aspecto.
Segundo, quanto ao impacto de vizinhança e ao
impacto ambiental. Não pode colocar que, se não tiver, à época, esgoto, a
empresa irá fazer. Não pode ser, pois isso é prerrogativa do DMAE. Essa Emenda
é inócua. Não é verdadeiro!
Agora, se não bastasse tudo isso, ainda tem
outro aspecto: não existe nenhum estudo de mobilidade. Alguém já fez o cálculo
de quantos carros estarão ali transitando? Quantos carros serão? Serão dos
apartamentos, mais dos escritórios, e toda a estrutura. Nós temos
responsabilidade, sim, pois quem mora na Zona Sul sabe do transtorno que ficou
depois do Museu Iberê Camargo.
Agora, quem sair do Pontal do Estaleiro tem de fazer
uma volta ali, e de que forma será isso? Teremos um engarrafamento contínuo.
Precisamos de um estudo, e já viabilizado, de um Projeto com túneis ou
elevadas. Não existe absolutamente nada.
Não sou contra que se tenha uma área livre, é o
que queremos, agora, onde é que estão os responsáveis que não acionam a empresa
que mantém ratos e outros bichos lá? Tem de manter limpo. É obrigação do
proprietário em manter um tapume, ou um muro. Então, não venham com essa
justificativa. Isso é distorcer os fatos, nós temos responsabilidade com a
comunidade, principalmente com a Zona Sul. Nós já vamos ter aqui o
BarraShoppingSul, já estamos tendo transtornos, imaginem só com essa quantidade
de apartamentos e de conjuntos que serão construídos ali.
Então, nós vamos lutar aqui até o último momento. Se
quiserem, deixem como está. São quatro andares, e se contentem. Para que tanta
ganância? Vamos pensar no cidadão de Porto Alegre que merece respeito.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): Registro a
presença dos alunos da Escola La Salle Pão dos Pobres, assim como a presença
dos professores. São os alunos da 7ª e 8ª séries, acompanhados pelos
professores Tiago, Rafaela e Giovanni.
Sejam bem-vindos à Câmara Municipal de Porto
Alegre.
A Verª Maristela Maffei está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu acho que nesse momento o que
nós temos aqui é uma falsa polarização. Desculpem-me.
O PCdoB tem posição em relação ao Projeto, eu
não vim a esta tribuna neste momento para entrar no mérito. Agora, quem está
passando de “lombo liso” nessa história toda... nós sabemos quem é. É o
Prefeito Fogaça. Foi ele que, dentro do jogo de xadrez dele, mandou para cá.
Sabe quando ele valoriza esta Casa? Ele valoriza esta Casa quando ele ajuda a
fazer o desgaste, que é isso o que está acontecendo. Aconteceu com os bares, na
Cidade Baixa. Quando não teve pulso para enfrentar, por exemplo, o Projeto do
meu querido amigo, Ver. Brasinha, em relação aos bares, que era ele quem
deveria ter feito, e está fazendo a mesma coisa. E agora é um grande jogo de
cena. Desculpem-me.
Aqui, nós estamos no 1º turno, num momento de
disputa eleitoral. Cada um aqui está fazendo o seu jogo, mas em especial o
Prefeito Fogaça. E nós estamos colocando um outro ator que conseguiu puxar para
si os seus votos de proporcional, e está na lógica dele, cumpriu o que disse
antes das eleições, e ele que quer continuar Secretário,
continua fazendo a mesma lógica, até porque vai ter o apoio de todos os
segmentos para voltar para lá. Bom, pessoal, tenho certeza de que todo mundo é
inteligente, ou não entenderam ou estão no jogo de cena; vamos assumir. Nem vou
tocar no nome do Vereador porque ele conseguiu o que queria; se reelegeu à
custa de pessoas sérias que trabalhavam de acordo com seu posicionamento. Hoje
está reivindicando novamente a Secretaria, e nós estamos aqui reforçando esta
tese, cada vez que pronunciamos seu nome. Eu não vou pronunciar, não vou,
porque acho que não merece; não vou, Ver. Dib, o senhor sabe, é do seu Partido,
pelo respeito que tenho por V. Exª, pois sei desde o início qual é o
posicionamento que V. Exª tem com relação a isso.
O Projeto tinha que
ter vindo do Executivo; o Projeto tem problemas sérios. Nós, na grande maioria,
achamos que estávamos votando aquele Projeto, aquela proposta de projeto, que
nem é projeto. Embebemo-nos naquela réplica, temos que ter a garantia de que
aquilo ali não é um pedaço para cada eleição, é isso que está em jogo. Porque
senão vai acontecer o que ia acontecer no Governo Collares, que iam privatizar
toda a orla. Nós garantimos isso, sim, amarrados, deitados, subindo, enfim,
segurando lá a Usina do Gasômetro. Não é um problema da revitalização da Usina
que estava em jogo naquela época, era a venda de toda a orla; agora é um
pedaço. Então temos que trazer aqui isso não como uma questão pessoal, um
ataque a determinada pessoa; é uma realidade histórica, os fatos estão na
história desta Cidade. Agora, o que acontece? Tem um que quer brilhar mais do
que seu “quadrado”; outro faz o jogo que o Prefeito quer, está passando de
“lombo liso”, numa boa. E no momento, gente, na verdade, o que vai acontecer é
que vamos ter que derrubar, porque é a instituição que está sendo ferida, é
muito mais do que meu querido Presidente, são todos nós que estamos sendo
colocados de uma forma como se não tivéssemos responsabilidade de também
apresentarmos, de pensarmos. É aquilo que digo todos os dias: é o
emburrecimento da filosofia. E os formadores de opinião ajudam porque falar de
todos os políticos é a melhor coisa que existe no mundo; falar mal parece que
faz bem ao ego daqueles que têm na mão o poder dos meios de comunicação de
massa. Todos nós, neste momento, estamos sendo colocados da mesma forma, e os
outros estão correndo por fora, e a eleição está aí. Parabéns!
Xeque-mate para o Prefeito. Só que muitos de nós acabamos ajudando para que
isso chegasse a esse ponto, porque deveríamos ter pensado e dito isso antes,
inclusive eu.
Então,
senhoras e senhores, é tempo de pensar, é tempo de ver que, nesta Casa, as
coisas são jogadas e também são armadas para chegar a este momento. É certo,
Vereador, a posição do PCdoB. O senhor tem que se preocupar com o seu Partido.
Quando o meu Partido tiver que vir aqui e dizer a posição, ele vai dizer, aqui;
não preciso que ninguém diga como eu tenho que agir nesta tribuna. Eu tenho
centralismo democrático dentro do meu Partido e, quando chegar a hora, nós
vamos nos posicionar. A cidade de Porto Alegre sabe da posição que o PCdoB
sempre teve em relação a esta Cidade e ela vai continuar junto com a Cidade.
Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Carlos Todeschini): O Ver. José Ismael
Heinen está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo Sr. Presidente, Ver. Carlos Todeschini; nobres Vereadoras, Vereadores,
público que nos assiste, quero, inicialmente, em nome do Democratas,
cumprimentar pelas declarações do nosso Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre, oportunas e importantes. Causa-me preocupação quando adentrei nesta
Casa e assumi uma cadeira neste Parlamento, notando a fragilidade que os
Legislativos hoje têm neste País. Fragilidade que compromete, e já foi bem
frisada, a nossa própria democracia. A Constituição Brasileira - argüida,
rebatida e construída, tenho certeza de que com as melhores intenções - deixou
uma lacuna que se transformou numa brecha, que está a fazer com que a nossa
República democrática seja mais propensa a ser uma tirania do que uma própria
democracia. O poder das medidas provisórias, antes na resoluções dos Decretos
Leis, as resoluções fazem com que o Executivo legisle em causa própria, colocando
leis, do seu arbítrio, a vigorar por um determinado tempo, fazendo também com
que, no Congresso Nacional, as Assembléias não tenham tempo de discutir os
projetos oriundos das bases deste País, tudo isso promovido por uma festança de
medidas provisórias.
Preocupa-me, também, a fragilidade do Poder
Judiciário quanto à complexidade e cobrança das suas leis, quanto à impunidade
e quanto à complexidade, como já afirmei. Acabamos de passar por um pleito
Municipal em que, tenho certeza, todos nós fomos testemunhas, e o povo também,
das barbaridades de alguns procedimentos políticos nesta eleição Municipal, no
1º turno que acabou de transcorrer.
Apareceram muitas propostas junto àquela de
resolver o sonho da casa própria. Temos também, agora, Ver. Haroldo de Souza -
já que mais um “salvador” aparece em Porto Alegre -, um que promete a seus
eleitores um tal de Implanon - implante de hormônios - em troca do voto,
mostrando os procedimentos e como fazer. Não vou dar o nome, mas, agora, o
Ministério Público e a Justiça Eleitoral têm a obrigação de verificar esses
procedimentos e mais outros, basta ver o milagre de um candidato que, de uma
hora para a outra, como o que aconteceu na Restinga...
Agora eu quero, Haroldo de Souza, que os
senhores que vão continuar nesta Casa fiscalizem o cumprimento desta medida,
para que dêem a todas as eleitoras dele - que eu acho que são todas de Porto
Alegre - o direito de implantar e poder gozar a vida sexual como um direito de
todas. O custo dessa implantação é de R$ 1.200,00, não é isso, Dr. Goulart?
Vejam a profundidade desta proposta maravilhosa, que deixou as eleitoras
felizes e tranqüilas neste pleito.
Isto tudo, Ver. Haroldo de Souza, essa
fragilidade dos nossos Legislativos, essa discrepância do Poder Central para
com as municipalidades faz com que ONGs venham a fortalecer candidaturas
próprias em troca de benesses. De tudo isso eu ainda levo uma esperança: de
trazermos aqui essa fiscalização, trazermos essas anomalias do nosso processo
democrático que passa pelo sagrado direito do voto, que escolhe os seus
representantes.
Queira Deus que este País tenha a merecer, pela
sua grandeza, pela sua riqueza, pelas suas raças, uma política à altura de tudo
isso. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Alceu
Brasinha está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ALCEU BRASINHA: Sr.
Presidente, Ver. Carlos Todeschini; Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, Ver. Haroldo de Souza, eu venho mais uma vez a esta tribuna para
responder à Verª Neuza Canabarro, que infelizmente não está aqui agora. Eu
quero dizer a ela que cheguei em Porto Alegre com 14 anos; fui menino de rua e
sobrevivi trabalhando. E não é a Vereadora que vai dar moral aqui, dizendo que
não é assim! Eu falei no ex-Prefeito Alceu Collares, ex-Governador Alceu
Collares, ex-Deputado Alceu Collares - e tenho o maior respeito por ele -
porque foi ele o Prefeito que me deu um alvará que me permitiu trabalhar. Mais
ainda, eu lembro como se fosse hoje, eu fui uma das pessoas que o aplaudiu
quando ele abriu a Av. Beira-Rio, e ele sempre defendeu que a orla do Guaíba
fosse cheia de prédios e restaurantes. Eu não estou mentindo! Por que é que eu
falei nele? Porque há poucos dias eu vi o ex-Prefeito Alceu Collares, com um
lenço preto, numa manifestação, nas galerias - eu não estou mentindo, todos que
estavam aqui viram. E aí a Vereadora quer me processar. Não tem problema,
Vereadora. Eu tenho o maior respeito por Vossa Excelência - V. Exª sabe que eu
sempre a defendi e, mais, sempre disse que V. Exª era a Vereadora que mais
trabalhava, mas, tudo bem. Como Vereador, eu tenho o direito de me expressar.
Ou não tenho? E essas pessoas que votaram em mim, os 4.883 votos na eleição
passada, eu não posso representá-los porque a Vereadora não aceita? É claro que
vou me expressar, porque eu sou representante daquelas pessoas que votaram em
mim, e jamais um dia eu vou querer falar uma bobagem para prejudicar um
Vereador ou qualquer outra pessoa, porque eu estou aqui para defender o
interesse da sociedade. Eu quero que Porto Alegre cresça, mas há pessoas que
não querem isso, Ver. Ismael. Um projeto maravilhoso desses que está aí, e não
querem. Querem deixar Porto Alegre como está, querem segurar Porto Alegre,
frear Porto Alegre.
Chega uma hora em que a gente também tem que
vir a esta tribuna expressar a vontade que a gente tem, porque eu jamais
ameacei alguém e também não gosto de ser ameaçado.
Ver. João Dib, meu querido Prefeito por 999
dias, quero dizer que não tenho procuração do Coronel Mendes, mas vou
defendê-lo. Ver. Adeli, o senhor sabe que tenho um respeito muito grande pelo
senhor, mas o Coronel Mendes é um coronel operacional, está trabalhando, a
Brigada está na rua! A gente fica numa avenida por dez minutos e vê passar uma
viatura. A Brigada nunca esteve tanto na rua como agora, graças ao Comandante
Coronel Mendes, que é operacional, que anda junto, vai trabalhar, vai na
operação, não manda somente seus soldados, ele está sempre junto para combater.
Ver. Adeli, não tem problema, mas quero
perguntar ao senhor há quanto tempo a gente não via a Brigada na rua aqui em
Porto Alegre? Não tinha nem carro, e agora a Brigada está com camionetes Ranger
andando nas ruas, está fazendo barreiras. Eu quero mais barreiras, Ver.
Haroldo, pois quanto mais barreiras tivermos, melhor será. Se tu não deves
nada, por que ter medo? Eu quero barreira, eu acho que é bom, Ver. Professor
Garcia. A Brigada está desempenhando um trabalho fundamental: não tem efetivo,
mas tem um Coronel que está fazendo superar o efetivo que tem.
Certamente, se o
Coronel Mendes continuar no comando da Brigada, só vai aumentar o trabalho.
Como é bom a gente ver a Brigada na rua! Acho impressionante ver a Brigada na
rua, ver a Polícia Civil. A Polícia Civil também está cheia de carros novos, e
estão trabalhando “pra caramba”. O Delegado Pedro Rodrigues está fazendo um
trabalho fantástico na Polícia Civil. Eu acho que o Ver. Professor Garcia não
está andando muito em Porto Alegre! Eu tenho andado e encontro muitas viaturas
da Brigada, muita polícia e estou muito satisfeito com a Brigada. Obrigado,
senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Carlos Todeschini): O Ver. Aldacir
Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. ALDACIR
OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Carlos Todeschini; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, público que acompanha o Canal 16, eu
estava ouvindo atentamente a manifestação de alguns Vereadores e alguns me
surpreenderam, como, por exemplo, o Ver. Brasinha, que falou recentemente que
não percebe que o cidadão em Porto Alegre está inseguro por falta de segurança.
E ele admite que pensa que as atitudes do Coronel Mendes vão resolver o
problema da Cidade. Infelizmente, eu acredito que esse cidadão tem que voltar a
perceber que o cidadão precisa de segurança e não de violência.
Por outro lado, o
Ver. João Bosco falava há pouco e dizia o seguinte: a Cidade está uma
tranqueira. Completamente trancada, por falta de projetos estratégicos para a
Cidade. Nós estamos numa tranqueira no trânsito, seja em carros de passeio ou
nos corredores de ônibus. Nós temos a Cidade numa tranqueira enorme de falta de
idéias, de projetos que vão viabilizar as soluções para o cidadão, mas,
exatamente, eu diria, por incompetência.
E o assunto
que quero trazer hoje aqui mostra exatamente a incompetência do Governo
Municipal com relação à questão da Saúde. Há dois anos, começava aqui um
movimento do Programa de Saúde da Família, os PSFs, e o Governo tinha um
descaso em assumir esse Programa na Cidade, com 84 equipes; e agora o Governo
diz – e se vangloria – que tem 94 equipes, que na sua gestão aumentou dez
equipes. Naquela época, há um ano, o Governo Municipal se negava a pagar – e
esse relato não é meu, é do Conselho Municipal de Saúde - à FAURGS, uma taxa de
administração de 11,15%. Agora, o Governo Municipal paga uma taxa de
administração à Sollus - a nova empresa contratada sem licitação - em 19,91% da
folha. Nós tínhamos uma folha que absorvia 11,15%, que era a FAURGS. O Governo
rescindiu o contrato, contratou uma empresa paulista dizendo que não era legal
aquela taxa e paga hoje uma taxa de 19,91%. E os serviços contratados para esse
programa na Cidade de Porto Alegre são todos paulistas, são todos de São Paulo.
Mais do que isso, meu nobre colega Ver. João Dib, veja o que aconteceu com o
nosso Secretário, hoje Prefeito de Porto Alegre: uma das empresas que presta
serviços à Sollus, a empresa Vem que Tem - Comércio de Móveis para Escritório,
sabem quem é proprietário? Uma Vereador paulista do mesmo Partido do Ver.
Eliseu Santos. A Empresa Vem que Tem - Comércio de Móveis para Escritório - é
de uma Vereadora paulista do mesmo Partido do Profº Eliseu Santos, Secretário
de Saúde, Vice-Prefeito e Prefeito da Cidade. Depois, nós trabalhamos com a
idéia de transparência. Nós, aqui na Câmara Municipal, queremos transparência,
inclusive foi votado o Projeto Transparência, na gestão anterior, da nossa
colega Ver. Maria Celeste, com o apoio de todos nós! E cadê o Projeto
Transparência do Governo Municipal? Isso mostra claramente que aí tem coisa.
Terminando
a eleição, quero o apoio de todos os Vereadores, não vou falar aqui em CPI, vou
solicitar que se constitua uma Comissão de Sindicância, porque não é justo que
uma empresa paulista venha aqui absorver uma taxa de administração de 19,91%,
sendo que antes a taxa era de 11,15%. E o faturamento que era de 2 milhões e
alguma coisa agora passa a ser de 3 milhões, 178 mil reais! Os serviços são de
consultoria, de reforma, adesivismo aos programas deles, jornal da Sollus,
coisas absurdas que mostram claramente que essa empresa não tinha e não tem
condições de gerenciar o serviço do PSF em Porto Alegre! Isso não merece, no
mínimo, uma sindicância, Verª Margarete Moraes, nossa Líder? Com certeza. Pode
vir a Cidade ganhar a licitação legal, e não escusa como foi nesta Cidade,
dessa forma, e, mais do que isso: chamando os cidadãos, simplesmente, para uma
entrevista, sem prova seletiva e sem nenhum concurso público, que é o que nós
queremos, para aumentar as equipes dos PSFs em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Dr.
Raul está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Haroldo
de Souza. (Pausa.) Desiste.
A Verª Margarete
Moraes está com a palavra em Comunicações, por transposição de tempo com o Ver.
João Carlos Nedel.
A SRA. MARGARETE
MORAES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos
manifestar toda a nossa solidariedade ao nosso Presidente Sebastião Melo, que
agiu corretamente, democraticamente, nesta Casa. E dizer que o Ver. Beto
Moesch, quando era Secretário da SMAM, dentro do processo, deu um parecer
favorável ao Projeto Pontal do Estaleiro, assim como foi comprovado nessa
matéria de 2006 do Jornal do Comércio. A partir daquela Audiência Pública, ele
mudou de opinião. As razões que a Bancada do Partido dos Trabalhadores tem
contra esse Projeto são razões de mérito. E essas razões não dialogam com falas
rebaixadas, como foi o caso do Ver. Elias Vidal, aqui, que fica ofendendo as
pessoas que são contra o Projeto. Acho que ser a favor ou contra é um direito
de cada Vereador, desde que sejam coerentes com as suas idéias, com a sua
história, etc. Assim como nós respeitamos quem é a favor, nós queremos respeito, nós
que somos contra. Nós acreditamos que o patrimônio cultural e ambiental é o bem
maior da humanidade, é um grande bem. E exatamente a preservação, o carinho e o
cuidado com a cultura e o meio ambiente garantem o futuro do planeta e da
humanidade. Eu luto para que aquilo que há de melhor, Ver. Alceu Brasinha, de
mais sofisticado nos bens da humanidade seja de acesso a todos e todas. E eu
acredito nisso e até morrer vou lutar por isso. Nós somos a favor da
revitalização daquela área, não gostamos dela como está. Então, nós gostamos
dos ratos, das baratas, dos bichos? Não, nem da podridão, nem da drogadição,
nós não queremos. Exatamente por ser uma área especialíssima, uma ponta do Lago
Guaíba, é que nós somos contra este Projeto apresentado a esta Casa pelos
Vereadores, e por várias razões também, porque constitui um paredão de concreto
que afasta a Cidade do Lago. E sob o nosso ponto de vista é uma agressão ao
patrimônio cultural e ambiental da cidade de Porto Alegre. Se esse Projeto se
concretizar, aquele especialíssimo espaço vai ser um espaço elitista,
privatista, só os privilegiados terão acesso àquela ponta. E nós, que lutamos
por uma sociedade menos injusta, colocamos-nos contrários àquele projeto.
Existem também razões morais, legais, de ética. Aquele espaço foi colocado em
leilão com determinadas especificações, que eram fiéis ao gravame, ao atual
gravame do Plano Diretor, que dizia que é uma área que tem uma vocação
especial, uma área com vocação de turismo, de lazer, de cultura e de esporte. E
que por isso deveria ter uma altura que não passasse de 3 ou 4 metros, para
possibilitar esse acesso ao Lago. Então, muitos empresários, empreendedores nem
concorreram, porque eles não tinham condições de fazer determinado
empreendimento com esse gravame. Então, quem concorreu, de acordo com essas
regras, tem que obedecer, não dá para mudar as regras durante o jogo. Essas são
algumas das razões que nós já explicitamos. Nós temos pautado a nossa ação pela
ética, pela lealdade, pela transparência, pela democracia, pela disputa das
idéias sem ofensas pessoais. Respeitamos, como eu disse, a todas as posições,
desde que sejam honestas, coerentes com as suas idéias e que tenham uma
argumentação racional. O que eu quero dizer é que a Prefeita ou o Prefeito
eleito não pode mais lavar as mãos, terá que se posicionar sobre esse espaço da
Cidade.
E quero dizer ao Ver. Brasinha que eu estive hoje
no Banrisul me solidarizando com o Sindicato dos Bancários. Conversei com o
dirigente Mauro, ele disse que o próprio Cel. Mendes esteve lá, ele procurou
conversar com o Cel. Mendes – é um dirigente de maior respeito; a Maria Luiza
deve conhecer, e, sem ouvir, chegaram de moto, foram passando por cima de
todos, por cima dos pés, quebraram o braço de uma bancária, e ouvi a bancária
dizer que em 26 anos nunca havia sido tão humilhada como aconteceu pela manhã.
Chegaram batendo, eu estava lá junto com o Adeli, com o Guilherme Barbosa, o
Todeschini também apareceu lá depois, e isso é lamentável! Tem que conversar
com o dirigente, dar cinco minutos: “Se é para sair, saímos, vamos estabelecer
uma negociação” – ele pediu uma negociação e não foi concedida, sem nenhuma
conversa. Até aquele Paulão, que talvez seja Vereador aqui, deu razão para os
bancários hoje, ele também estava lá fazendo essa cobertura. Os bancários são
cidadãos de bem, estão fazendo uma greve que é legal, que é justa e devem ser
respeitados, senão todo o movimento sindical será desprezado. Parece que
voltamos ao tempo da ditadura, e nós temos que dar apoio aos trabalhadores, aos
bancários, Ver. Brasinha, essa é a nossa posição.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): Solicito que o
Ver. Aldacir Oliboni assuma a presidência.
(O Ver. Aldacir Oliboni assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente,
Ver. Aldacir Oliboni; Vereadoras e Vereadores, duas premissas: eu não vou ter
tempo de conceder apartes e vou tentar falar baixo, porque sei que todos aqui
ouvem muito bem. Nós estamos falando muito sobre o Projeto Pontal do Estaleiro
e existe muita confusão. O que é? Unicamente, o que interessa à Câmara é um
Projeto de Lei do Legislativo que altera essa Lei nº 470; altera uma coisa e
restringe outras. Altera a permissão de se construir, naquele local,
residências. E por que essa Lei não permitiu construir residências? Essa Lei é
oriunda do Executivo e teve uma Emenda excelente do Ver. João Antonio Dib, que
o engenheiro Cláudio Ferraro, que aqui está, ajudou a redigir. E por que não
foram permitidas residências? Porque era uma área sujeita a alagamento – só por
isso. Porque todos aqui sabem que, comercialmente, há mais vantagem ter um
prédio comercial a um residencial! Vale mais o prédio comercial, paga até mais
imposto, porque vale mais! Então, o empreendedor comprou, e só poderia fazer
prédio comercial. Durante esse tempo todo, o BarraShopping foi aprovado nesta
Casa em 1997, 1998, mas ficou um tempo sem a definição se seria construído ou
não. Há dois, três anos houve a definição efetiva da construção do
BarraShopping, com quatro torres de 22 andares, aproximadamente 66 ou 70 metros
de altura. Está aprovado.
Muito bem. O empreendedor viu que mudaram as
condições da Cidade, que ninguém iria comprar um prédio com uma instalação
comercial no Pontal do Estaleiro, quando tinha, em frente, quatro torres junto
ao Shopping de maior acessibilidade, de maior movimentação. Então, o
Projeto, o investimento de 165 milhões de reais, seria insustentável. Não iria
vender. Então, qual é a idéia? Construir residência perto do prédio comercial.
Qual é a outra idéia? Que os moradores trabalhem perto do seu trabalho. Ótimo.
Então, é só isso que nós estamos fazendo. Essa permissão não tem nada de valor
comercial, é até inferior o valor comercial. “Ah, mas vai dar lucro”. Não, vai
dar sustentação. E, senhoras e senhores, se o empreendedor investir 165 milhões
e não vender, alguém vai pagar o prejuízo dele? Ninguém vai pagar o prejuízo
dele. Agora, se ele tiver lucro, por que ele tem que dar para outro o lucro?
Meu Deus do céu, nós estamos falando de atividade privada, que corre risco de
ter lucro ou de ter prejuízo. É natural. Falam em compensações, falam que vai
atrapalhar o trânsito. Talvez, sim, mas vejam: vamos ter a duplicação da Av.
Diário de Notícias com uma rua de 20 metros; vamos ter três rotatórias: uma,
junto ao Hipódromo; outra, junto à Av. Guaíba; outra, junto à Av. Wenceslau
Escobar. No programa dos dois candidatos a Prefeito, está a promessa da
abertura da Av. Tronco, que vai facilitar a circulação lá. O Ver. Garcia
sustentou aqui o Projeto Socioambiental que vai construir uma avenida paralela
ao Arroio Cavalhada, que vai melhorar a circulação; a Av. Edvaldo Pereira Paiva
será duplicada. Então, tudo isso vai facilitar o trânsito naquela Região.
Não devemos ter medo de aprovar um Projeto que é bom para a Cidade, que vai trazer progresso e desenvolvimento a esta Capital, que não pode ficar estagnada. Nós temos que ter compromisso com o futuro e não com o atraso.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Professor Garcia está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo do Ver. João Bosco Vaz.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Obrigado, Ver.
Aldacir Oliboni; obrigado Ver. Bosco, como hoje eu puxei este debate, nós vamos
continuar fazendo a relação que o Ver. João Carlos Nedel colocou com muita
propriedade. Ao senhor e senhora que estão em casa nos assistindo, eu faço a
seguinte pergunta: Na época, quando foi o leilão, se fosse permitido moradia,
qual seria o valor do leilão? Eu faço primeiro essa pergunta. Não podendo
moradia o valor é “x”, podendo moradia deve ser bem mais. V. Exª diz assim: “E
se eles fizerem moradia e ninguém comprar, vão ter prejuízo!” Ah, mas estão nos
subestimando, não é? Primeiro, esse tipo de habitação, que nós nunca permitimos
em Porto Alegre, é para classe A. Será que a pessoa não vai querer comprar? Não
vamos subestimar a nossa inteligência.
Mas eu volto a dizer que a minha preocupação não
é só naquela questão pontual do Pontal do Estaleiro. Nós temos Assunção,
Conceição, Av. Cel. Marcos, Av. Guaíba, em todo esse local, futuramente,
poderão sair grandes espigões. Ver. João Carlos Nedel, próximo daquela área, já
foi permitido alguns anos atrás, três torres do mesmo empreendedor que quer
fazer agora. É ou não é? Goldsztein. Vamos dar o nome. Goldsztein fez três torres
ali no final, estão ali, nós sabemos, e falta só fazer a duplicação, que dizem
que é porque ainda está faltando alguma área.
Segundo, quem comprou pagou algumas prestações e
não pagou mais. E foi vendido. É isso que nós queremos saber: de que forma foi
vendido? Nós queremos saber de que forma se deu essa negociação, ou através da
Comissão de Economia, Finanças, Orçamento, da qual eu solicitei, ou através do
Ministério Público. Porque tem que dar esta explicação!
A
massa falida – e nós a convocamos – também tem que vir aqui explicar. Receberam
na íntegra? Eram 14 milhões de reais. Foi leiloado por 7,2 milhões de reais.
Mas o Ver. João Carlos Nedel disse que, se pudesse haver habitação, seria
menos. Então, eu gostaria de ouvi-lo. Só peço que seja breve, pois tenho 1
minuto e 50 segundos.
O Sr. João Carlos Nedel: Ver. Professor Garcia, historicamente,
um prédio comercial vale mais do que um prédio residencial. Vossa Excelência
sabe. Então, o valor seria menor, sem dúvida. Segundo, o empreendedor não é a
Goldsztein. A Goldsztein fez aquelas três torres, a mais ou menos 150 metros da
orla. E daí, qual é o problema? E V. Exª diz assim: “Ah, vai abrir a porteira,
vai acontecer isso lá...” Mas o senhor está fazendo um exercício de
“futurologia” que não convém.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Ver. João
Carlos Nedel, não precisa ser “futurólogo” para isso. As experiências em outras
cidades nos mostraram isso. Esta é a realidade. E nós sabemos disso.
(Não revisado pelo orador.)
Visivelmente, não há quórum. Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 16h27min.)
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